São personagens difíceis de entender. Não conheci todos os irmãos de minha mãe e mesmo de seus pais tenho apenas lembranças de infância. De modo que tenho uma percepção estranha, como daqueles personagens de filmes, complexos mas mal explicados, onde ficamos por fim com uma sensação de mentira. Depois, como todos os irmão, são tão diferentes entre si que se torna ainda mais complicado entendê-los e explicá-los. Na realidade conheci de fato apenas as mulheres e um dos irmão, meu xará Tio Israel. Eles eram dez no total, cinco homens e cinco mulheres. Minha mãe é a caçula e Tio Israel o mais jovem dos homens. Tia Berta, a mais velha. já se foi, e posso dizer, era a mais bondosa e amável de todas, dona de uma sensibilidade e delicadeza que de fato não vejo em nenhum dos irmãos. Para mim, especialmente, foi um verdadeiro anjo da coragem, me estimulando a cada momento, pois em todas as minhas passagens por Salvador era ela a única a repetir: não desista, voce vai conseguir! Não era pouco, o começo foi bem difícil.
Esteve sempre presente na minha infância, me levando para comprarmos os presentes de cada aniversário e dando aquele exemplo de cuidado com os outros e consigo mesma. Era muito presente em minha casa, pois entre ela e minha mãe tudo se passava bem. Minha mãe uma fera a esbravejar e dizer tudo que lhe passava pela cabeça. Minha tia aquele pequeno passarinho delicado e frágil. E um humor incrível para salvar tudo. Humor e amor, é inegável. Passaram uma vida companheiras, vizinhas, sabiam as histórias e feridas uma da outra, recontavam centenas de vezes as mesma lembranças que ouviamos, embevecidos e com um sorriso nos lábios, infinitas vezes. Troçavam-se mutamente, brigavam no jogo, minha mãe ágil feito uma águia, minha tia...
Lá pelos setenta e cinco quase não enxergava. Fez a cirurgia da catarata. Foi a revolução. Voltou a se pintar e abandonou aquelas cartas de baralho com letras enormes.
Seu fim foi verdadeiramente triste. Havia passado os últimos 20 anos a tomar tranquilizantes, não sabia disso, e após ter os remédios suspensos teve uma séria crise de depressão. Seu último ano foi de uma angustiante semi lucidez para sofrimento de todos. De seus filhos, especialmente Mário, não falo agora porque pertence a outra classe, quem sabe a outro capítulo - o dos primos... Digo apenas que sofreu.
Esteve sempre presente na minha infância, me levando para comprarmos os presentes de cada aniversário e dando aquele exemplo de cuidado com os outros e consigo mesma. Era muito presente em minha casa, pois entre ela e minha mãe tudo se passava bem. Minha mãe uma fera a esbravejar e dizer tudo que lhe passava pela cabeça. Minha tia aquele pequeno passarinho delicado e frágil. E um humor incrível para salvar tudo. Humor e amor, é inegável. Passaram uma vida companheiras, vizinhas, sabiam as histórias e feridas uma da outra, recontavam centenas de vezes as mesma lembranças que ouviamos, embevecidos e com um sorriso nos lábios, infinitas vezes. Troçavam-se mutamente, brigavam no jogo, minha mãe ágil feito uma águia, minha tia...
Lá pelos setenta e cinco quase não enxergava. Fez a cirurgia da catarata. Foi a revolução. Voltou a se pintar e abandonou aquelas cartas de baralho com letras enormes.
Seu fim foi verdadeiramente triste. Havia passado os últimos 20 anos a tomar tranquilizantes, não sabia disso, e após ter os remédios suspensos teve uma séria crise de depressão. Seu último ano foi de uma angustiante semi lucidez para sofrimento de todos. De seus filhos, especialmente Mário, não falo agora porque pertence a outra classe, quem sabe a outro capítulo - o dos primos... Digo apenas que sofreu.
6 comentários:
Cada tio/tia e sua peculiaridade, tive a sorte de conhecer 8 de 10. Eu tive a sorte de conhecer o tio Jaime e o tio Luis. Cada um com sua familia e suas diferencas. Cada um com seu lado da moeda e seu perfil. Enfim, tudo se resume na familia e o jeito em que vemos cada menbro desta grande familia e na idade em que os vemos.
Joseph
Israel, todas as lembranças que tenho de Tia Berta são maravilhosas, uma mulher sempre pronta para ser feliz...não acho que tenha sofrido não! Com certeza, nós é que sofremos muito coma sua perda...
beijo, janete
Joseph, q bom saber q vc está por ai, na internet. Vc leu as postagens anteriores? E as imagens q tenho postado das esculturas judaicas, gostaria de levá-las à Israel. Q vc acha? Dê notícias. Abs, ik.
Oi papel,
Estou aki sempre te seguindo a distancia (como o tempo passa deste que deixei SP e vc ai...).
Vejo as esculturas e seu trabalho, nao tenho palavras para dizer o quanto elas mostram a beleza da natureza humana.
Meu email: jrotter100@yahoo.com
Creio que e' tempo de vc vir aki conhecer um pouco das raizes...
Realmente cada um com o seu jeito de ser, inevitável. Lembro qdo ia a Salvador ver os tios e primos, adorava esse momento. Infelizmente fiquei sem ver a tia Berta e senti muito por isso. E mais sinto ainda não ter essa convivência com os meus primos e tios. E imagino a minha mãe e a tia Rosa discutindo sobre os nossos avôs cada qual defendendoo jeito deles. Mais tinha uma coisa que ninguém tira da minha lembrança era o amor deles um pelo outro.E quero ti parabenizar pela tuas obras que são lindíssimas, bjs e saudades.
Q bom ter vcs aqui dentro. Ë o novo modo dagente se encontrar e dessa vez sem precisar fazer viagens e tudo mais. Era mais divertido, mas pelo menos podemos reviver e recontar nossas histórias.... bjs, saudades ik
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